🎣 Um velho pescador desafia os avisos da Sexta-feira Santa e se depara com um sinal vindo das profundezas.
Seu Silvério era o tipo de homem que não se curvava a conselhos. Viúvo, vivia sozinho na beira do Rio do Couro, onde pescava desde a juventude. Na cidadezinha, todos o conheciam como teimoso — e ninguém ousava discutir religião com ele.
Na véspera da Sexta-feira da Paixão, o padre fez um sermão firme sobre respeitar o silêncio da data, lembrando dos castigos espirituais. Mas Silvério ria disso tudo.
— "Se Deus quiser me castigar, que venha conversar comigo aqui na beira do rio!"
Naquela noite, saiu com sua lanterna e redes. A lua estava alta, o céu limpo, e o rio calmo. Jogou a rede três vezes. Nada.
Na quarta tentativa, sentiu o peso. Finalmente algo grande. Recolheu com dificuldade.
Mas, em vez de peixes, o que veio foi um emaranhado de ossos. Ossos humanos. Maxilar, costelas, dedos. Misturados com lama, algas e restos de roupas esfiapadas.
Silvério largou a rede. A lanterna começou a falhar. Um vento repentino soprou contra ele, vindo do rio.
— "Você tirou o que era nosso..."
A voz parecia vir das margens e das árvores. Mas não havia ninguém. Silvério correu até o barranco, mas tropeçou e caiu na água.
Conseguiu sair, molhado, apavorado e com as mãos cheias de arranhões. Chegou em casa e trancou portas e janelas.
No dia seguinte, os moradores viram pedaços de rede e ossos presos nas pedras perto da margem.
Silvério nunca mais pescou à noite.
E você, amigo da pesca? Já teve coragem de lançar redes na Sexta-feira Santa? Já puxou algo que não era peixe? Conta pra gente!
Nenhum comentário:
Postar um comentário