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domingo, 13 de julho de 2025

A Voz do Rio

🎣 Um sussurro vindo da água transforma uma simples pescaria em um aviso sobrenatural.

 
Na beira do Rio das Mortes, em pleno domingo de Páscoa, o pescador Nelson jogava a linha na água em silêncio. Era um homem simples, viúvo, que encontrava na pescaria o consolo para a solidão. Já havia pescado em muitos lugares, mas aquele trecho do rio era novo pra ele.

Sentado sob a sombra de um ingazeiro, Nelson sentiu uma brisa gelada subir do rio. O sol ainda brilhava forte, mas o clima mudou. De repente, ele ouviu.

— "Volta... volta..."

O som era sutil, como se o próprio rio murmurasse entre as pedras. Achando que era sua mente pregando peças, ignorou e continuou. Mas os sussurros aumentaram.

— "Você não devia estar aqui..."




Nelson olhou ao redor. Não havia ninguém. Caminhou um pouco pela margem e percebeu pegadas descalças que desapareciam na lama, perto de um tronco. Decidiu ir embora, mas ao recolher sua tralha, a voz veio mais forte:

— "Você pescou no sangue do dia santo."

A vara de pesca caiu da sua mão. O anzol tremia sozinho na água. Ele saiu correndo pela trilha e não olhou para trás. Ao chegar em casa, trancou tudo e não contou nada a ninguém por dias.

Mas o estranho é que, desde aquele dia, Nelson não consegue mais pescar. Toda vez que se aproxima de qualquer rio, lago ou açude, o som volta. Às vezes como um sussurro, outras como um gemido.

Já tentou vender as varas, mas ninguém quer. Uma delas caiu no chão e partiu sozinha em três pedaços.

Na vila, dizem que ele violou um pacto antigo. Outros acham que ouviu as vozes das almas dos afogados, que falam com quem não respeita os dias santos.

Seja qual for a verdade, Nelson nunca mais voltou ao rio.

 E você, amigo da pesca? Já ouviu algo estranho vindo da água? Respeita os dias santos na beira do rio? Deixe seu comentário e compartilhe sua experiência.

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